Sala PVC

Plataformas digitais de ensino e as barreiras sociais

Há um esforço hercúleo dos professores das escolas privadas e públicas e, na medida do possível nos pré-vestibulares comunitários, a exemplo do MEP, de oferecerem aulas via rede de plataformas digitais.

No contexto pandêmico, o anúncio das inscrições para o ENEM tem provocado reações. Tanto que já há movimentações reivindicando o adiamento do ENEM. O fato provocou nos educadores ligados ao MEP a tecerem considerações sobre o atual sistema de educação a partir das suas experiências.

No Pré-vestibular Cidadão (PVC), uma amostra da realidade nos desafia diante da ‘corrida ENEM’, ocasião, em que boa parte, a se confirmar o calendário, dará a largada antes do sinal. Em março, o MEP divulgou uma notícia que cerca de 40% dos alunos acompanharam as aulas via internet. Atualmente, estima-se que apenas “25% participem das aulas virtuais”.- Avaliou o Paulo Ricardo Ramos Cardoso, da equipe pedagógica do pré.

Nícholas Coutinho, conselheiro no MEP e professor nas redes públicas, ao analisar a situação, fala de ‘paralisia mental’, ao descrever a realidade dos alunos das escolas públicas e do MEP:

“Imaginem, jovens e crianças em seus lares em espaços, na maioria diminutos, para estudarem! Em meio às músicas, barulhos dos vizinhos, brigas e disputa de ‘internet oscilante’ que às vezes nem possuem, gritarias, desatenção dos responsáveis nos seus mais variados arranjos familiares. Incertezas, desempregos, conflitos, fome, violência doméstica, entre outras questões, fazem uma espécie de ‘paralisia mental’ nos jovens em processo de formação. Como exigir deles?”, indagou Nicholas.

O professor ainda destacou:

“Tem sido um tanto frustrante as aulas nas plataformas. Não emplacou. É certo que na nova geração uma boa parcela é indiferente e a falta de compromisso está presente, mas sabemos que há também muitos que não têm recursos. Não podemos num ‘estalar os dedos’, num passe de mágica exigir tudo deles. Há um sistema que faz aflorar a desigualdade.”

O olhar de Amanda Mattos, acadêmica de Direito e conselheira no MEP, segue a mesma linha de pensamento do professor. Amanda tece críticas ao sistema educacional que reforça as desigualdades dando ênfase à meritocracia:

“O sistema educacional está fortalecendo a desigualdade social e vai alimentando a falácia da meritocracia. Assim, o discurso de que só consegue quem tentou, quem correu atrás, sem se preocupar que nem todos os alunos possuem o mesmo meio de estudo, no caso a internet, nos faz entristecer e também questionar.”- Argumentou Amanda Mattos, ex-aluna do MEP 2018.

No meio a tudo isso, uma boa notícia. A profª Juliana Resende, da coordenação do Pré-Vestibular Cidadão Núcleo Retiro, informou:

“Estamos trabalhando e, mesmo com ‘recesso’ devido à pandemia, doze alunos solicitaram participação no Pré-vestibular Cidadão.” Informou a professora dedicada educadora.

Colaboração: José Maria da Silva, Zezinho.

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