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Possibilidade de paleotoca em Barra Mansa é descartada por cientistas

Interessante – nos passos da Ciência, entre erros e acertos, uma certeza: ‘sempre há aprendizado’. A constatação ficou evidente quando no início do mês, geólogos observaram uma possível possibilidade de megafauna pré-histórica em um novo corte de morro na Rodovia Nova Dutra (altura do Km 262, sentido Rio). Dr. André Negrão, volta-redondense, pesquisador na USP e seu colega Renato Ramos, professor da UFRJ, notaram algo diferente na tonalidade e formato cilíndrico exposto no declive do talude na rodovia. André fez contato com Sílvia Real, mestre em Geociências e coordenadora da equipe ambiental do MEP, e do diálogo surgiu o apoio do MEP para um trabalho de campo de investigação.

Cautelosos na incerteza da possível descoberta científica, membros da equipe ambiental auxiliaram com a infraestrutura (escadas e cordas) para o prof. André analisar a estrutura da suposta crotovina/paleotoca. Os presentes fizeram a escavação, coletaram amostras, tiraram medidas, além de registrarem por fotos/vídeos e desenho esquemático para posterior avaliação.

“O fato de estarmos aqui, observando, ouvindo as explicações do professor, traz um aprendizado pela curiosidade, e a gente acaba tendo gosto pela busca de conhecimentos” – comentou João Thomaz Araújo, engenheiro e membro da equipe ambiental, que junto com Sônia e Thiago participaram do suporte para a atividade de campo.

RESULTADO DA ANALISE
Os registros de campo e o relatório foram encaminhados pelo prof. André Negrão para seu colega pesquisador e especialista em Paleontologia, Dr. Hermínio Ismael de Araújo Jr., ligado à UERJ e com experiência na temática da megafauna. Após 15 dias de análise e discussões entre os cientistas sobre o tema, o Negrão comunicou em áudio ao coletivo: “O prof. Hermínio rejeitou a tese de suposta crotovina. A feição, enquanto uma paleotoca escavada por um eventual mamífero da megafauna (tatu gigante) foi descartada por ele por vários motivos. Segundo ele, não só pela geometria, mas também pela natureza do saprólito do gnaisse (‘rocha podre’) no entorno da feição. Dr. Araújo Jr. relatou-me que os mamíferos não escavariam esse tipo de rocha”, contou o geólogo volta-redondense.

André ainda acrescentou: “Os terrenos e solos da região são revolvidos a tantos séculos, que temos que analisar com cuidado. Pode ser algo natural ou artificial, não sabemos. Pode ter sido uma espécie de cacimba, poço, formigueiro, ou uma escavação. Bom, fato é: aprendemos todos, e isto é importante. O prof. Renato é mais antenado e experiente, mas a Crotovina não foi uma novidade só para vocês, mas para mim também, um grande aprendizado!”

O prof. André agradeceu a interação da equipe do MEP: “O mais legal foi lá no afloramento com rapel, escada e tudo, estreitamos nossos laços. O que precisar de mim, estou à disposição”. Sílvia Real, articuladora do apoio logístico também agradeceu aos membros da equipe e ficou de convidar o prof. André para integrar o coletivo ambiental do Movimento, inclusive pensando na retomada do ‘projeto Caminhos Geológicos na região’, incluindo a Pedreira da Voldac na rota.

Por: José Maria da Silva, o Zezinho.

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